Blended Finance

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Blended finance ou financiamento misto é a mescla de fontes de recursos usadas no financiamento de negócios de impacto social.

Os aportes podem combinar dinheiro de filantropia, dinheiro público e recursos privados de investidores.

A ideia é que a filantropia ou o dinheiro público funcionem como um colchão de garantias para absorver as primeiras perdas de determinado projeto ou negócio, dando mais segurança e reduzindo os riscos para o investidor. Com isso, existe a possibilidade de se alavancar mais recursos.

Os recursos filantrópicos ou de governo não visam lucro e podem absorver perdas, mas sozinhos não são suficientes para financiar projetos em larga escala.

Já o dinheiro dos investidores, via mercado de capitais, consegue alcançar escala, mas precisa equacionar risco e retorno para ser atraído para os projetos.

Existem cálculos que indicam que, em média, cada R$ 1 de filantropia traz entre R$ 2 e R$ 3 de capital financeiro numa estrutura de blended finance. Mas o potencial de alavancagem pode ser maior.

O mercado de atuação: O blended finance é usado principalmente para atrair investidores aos negócios de impacto que estejam alinhados aos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU (Organização das Nações Unidas).

São empreitadas muitas vezes desprovidas dos indicadores e balanço de resultados comuns às empresas de capital aberto, e o blended finance é uma forma de reduzir os riscos do aporte em terras pouco conhecidas.

No Brasil, um exemplo de blended finance é dado pelo Programa Vivenda. A empresa faz e financia reformas na periferia da cidade de São Paulo e, ao buscar recursos no mercado de capitais, conseguiu R$ 5 milhões. Desses, 40%, vieram da filantropia e o restante, de investimento convencional.

Blended Finance em números: No panorama global, a IFC (International Finance Corporation), do Banco Mundial, registra que de 2010 a 2019 atraiu US$ 1,2 bilhão de filantropia para apoiar 212 projetos de impacto social. A isso se somaram US$ 4,1 bilhões da própria IFC e mais de US$ 5,5 bilhões de outras fontes privadas.

A OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) tem estimulado o blended finance e definiu cinco princípios: uso racional de blended finance, direcionado para áreas que realmente sejam beneficiadas; estruturação de formatos de fato atrativos para as finanças comerciais; fomentar investimentos locais e próximos aos investidores; equilibrar o risco-retorno entre o capital público e privado; garantir a transparência de métricas e resultados tanto da operação comercial quanto do retorno financeiro.