Vale lança fundo de US$ 100 milhões para tornar a mineração mais verde

Fundo corporativo de capital de risco vai buscar startups focadas em descarbonização, transição energética e “mineração do futuro”

Vale lança fundo de US$ 100 milhões para tornar a mineração mais verde
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A Vale anunciou nesta quarta-feira (8) a Vale Ventures, mais uma iniciativa da mineradora brasileira no venture capital. No formato mais tradicional de um fundo corporativo de capital de risco, a Vale Ventures quer injetar recursos em startups que buscam soluções sustentáveis para a mineração ou que apostam na transição energética.

A previsão é que o fundo tenha cerca de US$ 100 milhões para investir, mas esse montante pode aumentar, afirma Viktor Moszkowicz, responsável pela Vale Ventures. 

Estão na mira empresas que desenvolvam negócios para minimizar a geração de resíduos da atividade minerária, por exemplo, ou então que aumentem a produtividade da extração de metais estratégicos para a transição energética, como níquel e cobalto, duas matérias-primas fundamentais da indústria de baterias. Ambos já são produzidos pela Vale.

A descarbonização na mineração também é um dos interesses da empresa, que tem a meta de ser neutra em emissões de carbono até 2050. “Buscamos não apenas o retorno financeiro, mas também o retorno estratégico para a Vale”, diz Moszkowicz.

Diferentemente dos fundos de VC tradicionais, o corporate venture capital sempre inclui um componente estratégico, que pode ter a forma de contato com tecnologias potencialmente disruptivas ou até mesmo startups que sejam compradas e integradas à operação.

Segundo o responsável pelo fundo, os aportes devem ser feitos majoritariamente em séries A ou B, ou seja, companhias que já tenham produto ou serviço comprovados e gerem receitas. Eventualmente, afirma Moskowicz, pode haver aportes em negócios em estágios anteriores do desenvolvimento.

A prospeção de investidas ocorrerá nos próximos cinco anos, mas a Vale Ventures já nasce com uma empresa no portfólio, a Boston Metal. A mineradora brasileira aportou há um ano US$ 6 milhões na startup americana, que desenvolve uma tecnologia para produção de aço sem emissões de CO2. (Os US$ 100 milhões do fundo não incluem a participação comprada na companhia.)

Viktor Moszkowicz diz que não há hoje um número limite de empresas a investir. “Teremos entre 10 ou 20 investidas, mas não posso me comprometer com um número. O que queremos é ter um portfólio diverso e de qualidade”. 

O plano da Vale Ventures é entrar em participação minoritária (ao redor de 5%) nas startups, que poderão estar sediadas em qualquer parte do globo. Além do dinheiro, a companhia promete levar às investidas capital humano, redes de contato de clientes e fornecedores e “a chance de aplicar a inovação nas operações da Vale ao redor do mundo”. 

“Queremos ser um player no ecossistema de inovação dos fundos de venture capital”, diz Moszkowicz. “A Vale está no começo da cadeia de valor, e somos vistos como uma parte integral da transição energética.”