Startup de aço verde recebe aporte de US$ 120 mi

A Boston Metal, startup que desenvolve nova tecnologia de produção de aço de baixo carbono e é comandada por um brasileiro, anunciou um aporte de US$ 120 milhões em uma rodada série C.

O investimento foi liderado pela gigante siderúrgica ArcelorMittal, por meio de seu braço de capital de risco XCarb. Os fundos Microsoft Climate Innovation e SiteGroundCapital também entraram como sócios.

A Boston Metal criou um método de produção de aço baseado em reações químicas e dependente de energia elétrica – que, se for limpa, representa uma siderurgia que não lança carbono na atmosfera.

Os recursos serão utilizados para aumentar a escala dos testes com aço verde e também para erguer uma unidade em São João Del Rey, em Minas Gerais, que usa a mesma tecnologia para extrair metais de alto valor agregado dos rejeitos da mineração.

A planta no Brasil, que deve começar a operar este ano, é a estreia comercial da startup e faz parte do desenvolvimento da tecnologia proprietária criada pela Boston Metal.

A expectativa da empresa, presidida por Tadeu Carneiro (ex-CEO da CBMM), é que os pilotos de produção de aço em escala comercial entrem em atividade no ano que vem. A localização dessa unidade ainda não foi definida. A sede da empresa é em Woburn, na região de Boston.

A Boston Metal já havia recebido US$ 100 milhões em duas rodadas anteriores, que contaram com a participação da Vale e do Breakthrough Energy Ventures, o fundo climático de Bill Gates, entre outros investidores.  

“Estamos investindo numa equipe que fez progresso impressionante em um período relativamente curto, desenvolvendo uma tecnologia que tem o potencial de revolucionar a siderurgia”, afirmou em comunicado Aditya Mittal, CEO da ArcelorMittal.

A startup não revelou em quanto foi avaliada nesta nova rodada de aportes nem se os sócios anteriores acompanharam os novos aportes.

Sem carbono

A produção mundial de aço é responsável por algo entre 7% e 8% dos gases de efeito estufa lançados anualmente na atmosfera. O motivo é a queima do coque, um derivado do carvão mineral, nos alto-fornos.

Existem diversas tecnologias concorrentes para tentar descarbonizar a produção do aço. Uma das alternativas mais promissoras parece ser o uso de hidrogênio verde como vetor de energia.

O sistema da Boston Metal, baseado em eletrólise, é diferente. Uma sopa de minerais é submetida a uma corrente elétrica – de fonte renovável – para quebrar a molécula do minério de ferro. O subproduto dessa reação é o oxigênio.