Sitawi abre nova rodada de empréstimo coletivo para negócios de impacto

Investimento começa em R$ 1 mil; capital será devolvido em 30 parcelas mensais com juros de 0,57% ao mês

Sitawi abre nova rodada de empréstimo coletivo para negócios de impacto
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A Sitawi Finanças do Bem abre nesta quarta-feira (9) uma nova rodada de investimentos em negócios de impacto voltada para o pequeno investidor. O tíquete mínimo é R$ 1 mil.

É a terceira rodada feita pela plataforma de empréstimo coletivo, numa estrutura desenhada no formato de peer-to-peer lending, de empréstimo direto entre investidores e tomadores. 

O tema da rodada é a retomada econômica pós covid e duas empresas foram selecionadas.

A Manaós Tech é uma escola de educação tecnológica e de empreendedorismo para crianças e adolescentes em Manaus (AM), que está expandindo as operações para cinco regiões periféricas da capital amazonense e estruturando uma plataforma de aulas online.

Já o Movimento Eu Visto o Bem contrata mulheres detentas, ex-detentas, refugiadas, imigrantes e em situação de vulnerabilidade para a confecção de roupas e acessórios para grandes empresas como Natura e Renner.

A meta do movimento é levantar R$ 483 mil que serão usados como capital de giro para contratos com grandes varejistas, estruturação de curso de empreendedorismo e digitalização de processos.

Cada investidor vai selecionar em que negócio e causa prefere investir.

Desbravando o mercado

Inicialmente acessível somente via venture capital, voltado apenas para investidores profissionais e com liquidez normalmente acima dos R$ 10 milhões, o investimento em negócios de impacto socioambiental paulatinamente vem ampliando o escopo também para tíquetes menores voltados a investidores pessoas físicas. 

A plataforma da Sitawi foi pioneira neste tipo de acesso. 

A primeira rodada foi em junho de 2019, quando cinco negócios captaram um total de R$ 1,5 milhão em quase dois meses. Uma base de 159 investidores participou da rodada. 

A segunda rodada foi em março deste ano. Mais cinco negócios, dessa vez ligados ao desenvolvimento sustentável da Amazônia, subiram à plataforma. A meta de captação era R$ 1,1 milhão, e foi alcançada em menos de 24 horas. 

“Foi um ‘uau’, existe demanda!”, lembra Andrea Resende, gerente de investimentos de impacto da Sitawi.

Nas duas operações, a maior parte dos aportes ficou abaixo dos R$ 5 mil.

E, seguindo a praxe do mercado de impacto, os participantes recebem relatórios trimestrais sobre a situação do negócio e o efeito que ele tem causado. 

“Os investidores começam a se questionar o impacto de outras aplicações”, argumenta Resende. “É quase educativo.”

Risco e retorno

Quem investir nesta terceira rodada terá o capital devolvido em parcelas fixas de 30 meses, com acréscimo de juros de 0,57% ao mês. “Assim que é concluída a captação e emitidos os documentos, no mês seguinte começam os pagamentos”, explica Resende. Não há prazo de carência.

Segundo Andrea, não há registro de inadimplência dos negócios das rodadas anteriores. 

Mas, em meio à crise da pandemia, um empréstimo adicional e de longo prazo equivalente a até 6 vezes o valor das parcelas foi feito para as empresas contempladas pelas duas rodadas.

O intuito era apoiar os negócios a atravessarem os efeitos da crise e se reestruturarem. 

O capital para esse aporte saiu de alguns dos parceiros da SITAWI: Instituto Sabin, o Instituto Humanize e USAID (Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional).

Mesmo no cenário sem pandemia, os recursos dessas instituições são parte da estratégia da Sitawi, que usa o dinheiro para custear a estrutura interna de assistência técnica aos negócios até o fim do prazo de pagamento ao investidor.

Ou seja, em vez de direcionar o capital do blended finance apenas para cobrir calotes, a Sitawi usa os recursos para pagar o serviço que ela mesma presta, de acompanhar de perto os negócios.

“Essa é a principal forma de diminuir o risco do investimento”, afirma Resende.

Avançando no varejo

Apesar do tíquete mínimo de R$ 1 mil ser um avanço, a liquidez é outra questão para o investidor de varejo. Ele receberá o capital acrescido de juros num prazo de 2 anos e meio — sem possibilidade de resgate do principal antes desse período. 

“Hoje ainda há um contrassenso.  Investimento de impacto visa reduzir desigualdades mas está disponível de forma muito desigual”, analisa Resende.

Além do Instituto Sabin e da CapRate, correspondente do Banco Topázio, a rodada tem apoio jurídico dos escritórios TozziniFreire Advogados e Wongtschowski & Zanotta Advogados

Uma quarta rodada de investimentos, também com o foco na retomada da economia, está prevista para o último trimestre do ano.

Além da Sitawi, outras empresas têm lançado rodadas de investimento de impacto disponíveis para o pequeno investidor. O CoVida20 é o exemplo mais recente e mobilizou mais de R$ 3 milhões para um total de 40 negócios ao longo de três meses.

Em 2019, a gestora de impacto Vox fez um projeto piloto de empréstimo coletivo para captar R$ 600 mil para a Diáspora Black, marketplace de turismo pela cultura afro-brasileira. A meta foi 100% alcançada. 

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