Santander Brasil prepara 'gender bond' de até US$ 100 milhões

Recursos serão voltados para crédito a pequenos negócios detidos por mulheres; BID deve ser único investidor 

Santander Brasil prepara 'gender bond' de até US$ 100 milhões
A A
A A

O Santander Brasil está preparando o primeiro ‘gender bond’ do país, voltado especificamente para financiar crédito para pequenos e médios negócios liderados por mulheres. 

O BID Invest, braço de investimento em instituições privadas do banco de desenvolvimento, deve ser o único investidor da emissão, que pode somar até US$ 100 milhões e deve ter vencimento em três anos. 

A operação, que provavelmente se dará na forma de uma letra financeira, será apreciada pelo conselho do BID Invest no começo de fevereiro, de acordo com informações constantes no site do próprio BID.  

Procurado, o Santander Brasil não quis se pronunciar. 

Um gender bond é um recorte específico dentro da categoria de social bond, um tipo de título de dívida com benefícios sociais no uso dos recursos. 

Apesar do crescimento dos social bonds no mundo, a emissão de dívida voltada exclusivamente para gênero ainda é relativamente nova. 

Na América Latina, a estreia aconteceu em 2019, quando o BID Invest investiu US$ 50 milhões no primeiro título do tipo, emitido pelo panamenho Banistmo. 

O que ocorre há mais tempo são os empréstimos diretos feitos por parte dos bancos de desenvolvimento para os bancos locais. Em 2019, o Itaú recebeu uma linha de crédito de US$ 150 milhões do CAF, o banco de desenvolvimento da América Latina, para financiar mulheres empreendedoras, seguindo um empréstimo de US$ 470 milhões feito pelo IFC para o mesmo propósito em 2013. 

Cerca de metade dos negócios no Brasil são detidos por mulheres, e 99% deles são micro ou pequenas empresas. A carência de recursos é enorme: de acordo com o Banco Mundial, o gap de crédito desses empreendimentos é de cerca de US$ 16 bilhões. 

Diversificando os títulos temáticos

No Brasil, a emissão de green bonds disparou em 2020, mas a de social bonds ainda engatinha. 

A Vivenda, que faz reformas de baixo custo em regiões periféricas, foi a pioneira, captando R$ 5 milhões numa pequena emissão feita em 2018. 

O primeiro título social graúdo veio em setembro do ano passado, quando o Banco ABC Brasil captou R$ 525 milhões também com o BID Invest para financiar empresas de médio porte, com faturamento entre R$ 30 milhões e R$ 250 milhões fora do eixo Sul-Sudeste. 

No mês seguinte, a fintech Gyra+, que concede crédito para micro e pequenos empreendedores plugados à plataforma de ecommerce, captou R$ 50 milhões em debêntures sociais, numa emissão pública encarteirada por fundos de crédito nacionais.

No ano passado, começaram a pipocar também os títulos sustentáveis, que agregam benefícios sociais e ambientais.