Rise Ventures atrai famílias empresárias e levanta R$ 100 mi para impacto

Gestora fez follow-on em Beleaf, Okena e Alba e está próxima de fechar quarto investimento

Tiago Longuini, Pedro Vilella e Daniel Madureira (da esquerda para a direita), os fundadores da Rise Ventures
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A gestora Rise Ventures está próxima de fechar a captação de R$ 100 milhões em seu primeiro fundo de venture capital de impacto – o objetivo final é atingir entre R$ 150 milhões e R$ 200 milhões no segundo semestre. Um primeiro ‘closing’ foi concluído no ano passado e o segundo deve acontecer ainda neste trimestre, diz Pedro Vilela, o CEO da Rise.

Até agora, a casa conseguiu reunir como investidores mais de 15 famílias de peso do mundo dos negócios no país, como Charbonnières (Sulamérica), Martins (da rede atacadista), Ceratti (da mortadela de mesmo nome), Terni (Giant Steps Capital), Russo (Fleury), Vidigal, Bruno e Teresa Igel (Ultra), José Luiz Setubal e Olavo Mutarelli Setubal e Marco Kelson. Além de alguns multi-family offices conectados com essa agenda, como a Wright Capital

O perfil de captação confirma a predominância de indivíduos de elevado patrimônio apontada por uma pesquisa que acaba de ser publicada.

Fundada por Vilela (em pé), Tiago Longuini (à esq.) e Daniel Madureira (dir.) a Rise se diferencia da maioria dos outros VCs de impacto pelo foco em negócios da economia real, em vez de pescar no aquário de tecnologia.

Com o dinheiro levantado até agora, R$ 24 milhões foram direcionados para reforçar o capital de três investidas que já estavam no portfólio da casa antes da abertura do fundo.

Um cheque de R$ 7 milhões foi para a Beleaf, marca que vende refeições à base de plantas pela internet. “O dinheiro será usado para a expansão do portfólio de produtos, como sopas e sobremesas, para aumentar o share of pocket dos clientes atuais, e também fazer uma expansão geográfica, de olho em novos clientes”, diz Vilela. Fundada em São Paulo, onde toda a produção está concentrada, a marca chegou a Rio de Janeiro, Campinas e Belo Horizonte e tem meta de alcançar oito cidades nos próximos três anos.

Na Okena, que faz tratamento de efluentes industriais e também recebeu R$ 7 milhões, o investimento vai para expansão fabril e novos equipamentos. Está sendo criado também um laboratório de upcycling, com o objetivo de reaproveitar os resíduos coletados e transformá-los em insumos para a indústria.

Por fim, a Alba, integradora de projetos de geração solar distribuída que oferece soluções completas para placas solares nos telhados de comércios e residências, teve um aporte de R$ 10 milhões para executar a estratégia de expansão geográfica e também olhar para novas tecnologias, como baterias para armazenamento da energia gerada.

Segundo Vilela, dois novos investimentos estão na reta final.

Dinâmica de captação

No alvo da Rise estão empresas com faturamento entre R$ 10 milhões e R$ 100 milhões por ano e que tenham impacto ambiental e/ou social mensurável. Segundo ele, não faltam boas oportunidades. “Recebemos cerca de 15 a 30 propostas de empresas por semana, sendo que uma, em média, passa nos nossos filtros iniciais.”

Na captação, os cheques têm variado entre R$ 3 milhões e R$ 10 milhões. Segundo Vilela, a compreensão dos investidores sobre o conceito de investimentos de impacto – com duplo mandato de retorno financeiro e impacto socioambiental positivo – tem evoluído rápido.

“As famílias entendem e gostam, mas a cabeça ainda é de um cheque para experimentar, conhecer”, diz, referindo-se à pequena fatia do patrimônio que tem sido destinado à modalidade. “Mas esse é um negócio de paciência mesmo, porque ecossistemas novos de investimento levam tempo para amadurecer. A onda havaiana está alta, mas ainda não quebrou.”

Segundo ele, a entrada da Rise nos family offices tem se dado tanto pelas gerações mais velhas quanto pelas mais novas. Em ambos os casos, as demais gerações são trazidas à mesa para ‘avaliar a novidade’. De modo geral, diz, os mais jovens estão inicialmente focados no impacto social e ambiental dos negócios, enquanto as gerações mais velhas avaliam primeiramente o retorno financeiro. “Mas todos se envolvem e há muito aprendizado no processo.”

Nova área tech

Embora seu foco esteja em negócios da economia real e não nas ‘techs’, a Rise não tem como escapar do inevitável. Um dos sócios-fundadores, Tiago Longuini, vai tocar uma nova área ‘tech enabler’ na gestora. “A ideia é olhar para tecnologia para ajudar a fazer a transformação digital nos negócios do portfólio”, diz Vilela.

Com essa movimentação, a Rise trouxe recentemente como sócio, Bruno Faveri, ex-diretor de private equity do Pátria, para assumir a área de ‘value creation’, que antes era tocada por Longuini. Daniel Madureira segue como chief investment officer, buscando novos negócios, enquanto Vilela lidera a captação.