Quer investir em startups veganas? A Vegan Business te ajuda
Plataforma de equity crowdfunding vai fazer aportes em startups de alimentos, cosméticos ou moda, que baseiam seus negócios no mundo vegetal
Christian Wolthers, um dinamarquês que mora no Brasil há 12 anos, decidiu tornar-se vegano há quatro, quando soube que seria pai. A decisão mudou sua dieta – e também o rumo de sua carreira.
Wolthers sempre atuou como investidor-anjo de novos negócios, mas desde então se concentra no potencial de tudo o que tem a ver com plantas. Investiu em um restaurante de sushis veganos, o Bungalow Plant-Based Su, em dezembro do ano passado, e representa um fundo britânico especializado em foodtechs.
Agora, Crica, como é conhecido, está dando um novo passo. Com dois sócios, está transformando o Vegan Business, um site de conteúdo sobre negócios veganos, em uma plataforma de investimentos colaborativos em startups de produtos 100% à base de plantas.
Com um aporte de R$ 1,7 milhão e a autorização recebida da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) em outubro, a Vegan Business agora é oficialmente uma empresa de equity crowdfunding.
O modelo é parecido com o das plataformas de financiamento coletivo para o lançamento de produtos, como o Catarse, ou o pioneiro Kickstarter. Mas, no caso do equity crowdfunding, quem contribui com o projeto recebe em troca uma participação acionária na empresa.
O Brasil já tem plataformas para investir em startups de forma geral, como a Kria, e até mesmo a Wishe, que só seleciona negócios fundados por mulheres.
Agora ganha uma voltada apenas para negócios que apostam no plant-based — sejam alimentos, cosméticos ou moda .
“As pessoas estão buscando formas de investir em negócios alinhados aos seus valores e propósitos pessoais”, diz Nádia Gonçalves, cofundadora e CEO da Vegan Business.
O investimento mínimo é de R$ 1.000 e, por enquanto, o sistema não é “self-service”, ou seja, os interessados têm de se cadastrar no site da Vegan Business para se tornar investidores.
As startups definem o valor que querem captar. Os recursos só são entregues caso dois terços da meta sejam atingidos (caso contrário o dinheiro é devolvido aos investidores).
O plano da Vegan Business é fazer oito rodadas no primeiro ano de vida. As três primeiras acontecem em janeiro, fevereiro e abril. As outras cinco serão distribuídas ao longo de 2022.
Inicialmente, cada empresa vai receber entre R$ 300 mil a R$ 500 mil. No segundo ano, o objetivo é fazer rodadas maiores, acima de R$ 1 milhão.
Pelo serviço de conectar empreendedores e investidores, a empresa cobra 10% do valor repassado às empresas. Caso os investidores vendam sua participação no futuro, pagam à Vegan Business 10% sobre o lucro obtido.
Apostar em startups, especialmente naquelas no início da vida, é sempre muito arriscado, afirma Gonçalves, e esse foi o motivo para definir um valor mínimo relativamente baixo.
“Lidamos com pessoas que talvez não tenham o amadurecimento necessário. Por isso deixamos claro que esse é um investimento interessante para diversificar a carteira.”
Essa modalidade de financiamento colaborativo de startups está crescendo rápido no mundo e também no Brasil. Segundo dados da CVM, o valor das ofertas de crowdfunding aumentou dez vezes entre 2016 e 2020.
Até dezembro deste ano, foram 75 ofertas de equity crowdfunding, somando R$ 137,5 milhões. Trata-se de um incremento de 63% em comparação aos R$ 84,4 milhões.
Um dos desafios da Vegan Business será mapear e encontrar os negócios que mais bem se encaixem no modelo de crowdfunding e, depois, fazer o due diligence.
“Hoje temos mais ou menos 40 startups no nosso radar”, afirma Crica.
Para a seleção das startups, a Vegan Business formou um comitê de conselheiros. Além do setor de alimentos, a plataforma também está olhando para negócios como moda e cosméticos – sempre pensando em startups que cresçam rápido e tenham ambições globais.
Crica Wolthers tem alguma experiência nisso. Em março, ele colocou R$ 30 mil na fabricante de chocolates veganos Super Vegan. O fundo britânico de investimento VegCapital investiu outros R$ 350 mil.
A capacidade produtiva da fábrica de chocolates veganos, em Santos, no litoral de São Paulo, está em 3 toneladas por mês — mas há expectativa de crescimento para 6 toneladas por mês até fevereiro. Nos próximos três anos, a meta é chegar até 60 toneladas por mês.
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