Por que a Cosan está investindo num fundo ESG de construtechs

Dona da Raízen e da Comgás anunciou entrada no Fifth Wall, fundo que busca soluções de descarbonização para o setor imobiliário e de construção

Por que a Cosan está investindo num fundo ESG de construtechs
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A Cosan anunciou nesta terça-feira um investimento no Fifth Wall Climate Tech Fund, braço climático da gestora de venture capital americana especializada no setor imobiliário e de construção. 

Controladora da Raízen, produtora de açúcar e etanol e sócia da Shell na distribuição de combustíveis, da Rumo, de ferrovias, e da Compass, que atua na distribuição de gás natural por meio da Comgás e na geração e comercialização de energia, o setor de construtech pode não parecer uma escolha óbvia para a holding à primeira vista. 

Diferentemente da Cosan, os cotistas do fundo são companhias que atuam no setor de real estate, como a CBRE, maior empresa do mundo de prestação de serviços para edifícios comerciais.

“Muita gente quer entender por que escolhemos este fundo”, diz Marina Stefani Carlini, responsável pela área de ESG da Cosan. “O Fifth Wall define sua área de atuação como tudo o que acontece sob um teto. Isso tem uma clara ligação com o que fazemos, como no fornecimento de energia elétrica, gás natural e assim por diante.”

As empresas de tecnologia do clima que receberam investimentos da Fifth Wall se relacionam de alguma forma com a questão da energia. 

Uma delas, chamada Sealed, oferece serviços de vedação térmica de residências que resultam em economia de energia. A Turntide desenvolve motores elétricos e um pacote de software de gestão de consumo de eletricidade.

Carlini afirma que a Cosan viu duas oportunidades no aporte. A primeira é o retorno financeiro. “Acreditamos em ESG e também que esses investimentos tenham uma performance superior no longo prazo”, afirma a executiva.

A outra foi um contato mais próximo com a inovação. Houve conversas intensas dentro da Cosan a respeito da criação de um fundo de corporate venture capital. Mas a decisão, diz Carlini, foi “não reinventar a roda”.

“Sabemos que as empresas tradicionais precisam aprender a entender o mundo das startups, e essa foi a maneira que escolhemos.”

Lidar com empresas tão diversas não é um problema, diz Carlini. Pelo contrário: para ela, essas são as interações potencialmente mais ricas.

“Já temos um hub de inovação em Piracicaba (São Paulo) para lidar com as nossas questões da Raízen. Mas queríamos algo mais amplo, que nos ajudasse a pensar fora da caixa.”

Além disso, afirma a executiva, algumas das soluções podem ajudar a Cosan com a descarbonização de parte de suas próprias operações.

O ponto de contato da Cosan com o fundo será o CEO da empresa, Luís Henrique Guimarães. 

O valor do investimento não foi revelado. A Cosan diz que foi uma quantia pequena inicialmente, mas que pode crescer no futuro. O fundo Climate Tech já conta com US$ 140 milhões, e a meta é a atingir US$ 500 milhões.

Um dos fundadores do Fifth Wall é Brendan Wallace, um empreendedor e investidor de startups de sucesso. 

Ele foi um dos fundadores da empresa de transportes Cabify e fez aportes como anjo em companhias que se tornaram unicórnios, como SpaceX (o negócio aeroespacial de Elon Musk), Dollar Shave Club (assinatura de lâminas de barbear comprada pela Unilever) e Lyft (principal concorrente do Uber nos Estados Unidos).