Paraná terá plano para incentivar hidrogênio verde

Estado quer desenvolver produção para abastecer mercado interno, começando pela indústria de fertilizantes

Plantação de cana-de-açúcar
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(Este texto foi publicado em primeira mão na newsletter Carbono Zero. Inscreva-se aqui.)

Além da esperada política nacional de hidrogênio verde, os Estados vêm se mobilizando em uma corrida paralela para atrair investimentos. O Ceará foi pioneiro e já tem conversas avançadas com pelo menos duas dezenas de interessados em produzir o combustível no Estado. O plano é voltado essencialmente à exportação pelo Porto de Pecém.

Na quarta-feira da próxima semana, o governo do Paraná vai anunciar um programa estadual com uma lógica diferente: o objetivo é atender à demanda do mercado interno.

“Estamos olhando para a indústria local, no Sul e no Sudeste”, diz o secretário de planejamento do Estado, Guto Silva. “Vamos demonstrar que o Paraná vem para o jogo grande do hidrogênio.”

A intenção inicial é a produção de amônia verde para abastecer a indústria de fertilizantes. Silva aponta que 80% dos fertilizantes importados entram no país pelos portos do Estado. Além disso, o próprio Paraná e seus vizinhos são grandes consumidores de adubos químicos.

A amônia é um dos componentes essenciais dos fertilizantes nitrogenados. Hoje, ela é produzida à base de combustíveis fósseis, principalmente o gás natural.

Além das emissões de carbono, esse insumo está sujeito às variações do mercado internacional, algo que ficou claro no ano passado com a disparada dos preços do gás causada pela guerra na Ucrânia.
O plano paranaense inclui:

• Licenciamento ambiental expresso, batizado de “Descomplica hidrogênio”;
• Incentivos fiscais, seja com desoneração ou créditos de ICMS (as condições ainda não foram finalizadas);
• Linhas especiais de financiamento no Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE);
• Programa de certificação do hidrogênio.


Este último ponto é importante, afirma Silva, porque ao menos inicialmente a eletricidade utilizada para produzir o hidrogênio será de fonte hidrelétrica. “Muito se fala das fontes solar e eólica, mas na realidade nossa matriz (estadual) já é 96% limpa”, diz o secretário.

Mas a certificação, diz Silva, será mais relevante quando houver interesse na exportação, o que não será a prioridade inicial.

O secretário afirma que o Paraná tem mais de 15 projetos de pequena escala em andamento. Em meados de abril, a Engie anunciou estudos para produzir hidrogênio no Estado, e já existem conversas com outros grupos interessados em fazer o mesmo, diz Silva.

Além da tecnologia da eletrólise, que usa energia limpa para quebrar a molécula da água, o Estado também investiga rotas alternativas. A Sanepar, companhia de saneamento do Estado, tem estudos para produzir hidrogênio a partir do metano emitido por dejetos e chorume.