Novo alerta da ONU: mundo precisa acelerar corte de emissões

Promessa de mais ambição na última COP não vingou e compromissos nacionais ainda estão longe do caminho para evitar as piores consequências da mudança climática

Bandeira com o logotipo da COP27
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A pouco mais de 10 dias do início da Conferência do Clima, uma análise divulgada hoje pela ONU mostra que o mundo ainda está muito longe dos objetivos estipulados pelo Acordo de Paris .

Se forem cumpridos os atuais compromissos nacionais de reduções de emissões, a concentração de gases de efeito estufa vai aumentar cerca de 10% até 2030.

“As promessas climáticas dos 193 signatários do Acordo de Paris podem colocar o mundo no caminho de um aumento de 2,5°C na temperatura global no fim do século”, diz o relatório.

As evidências científicas indicam que manter o aquecimento global “bem abaixo de 2°C, preferivelmente em 1,5°C” será fundamental para evitar as consequências mais graves da mudança do clima – e avançar nesta década será essencial.

“Não estamos indo longe o suficiente nem rápido o suficiente”, disse Simon Stiell, secretário-executivo da Convenção do Clima da ONU. “Não chegamos nem perto das reduções necessárias para nos colocar no caminho [de um aumento] de 1,5°C. Governos nacionais têm de estabelecer novos objetivos e implementá-los nos próximos oito anos.”

O tema deve continuar no topo da agenda da COP27, a reunião anual em que a comunidade internacional discute as medidas para lidar com a mudança climática. A conferência deste ano acontece entre 5 e 20 de novembro em Sharm el-Sheik, no Egito.

De acordo com as regras acordadas internacionalmente, cada país é responsável por definir quais são suas metas de redução de emissões e como elas serão alcançadas.

Esses objetivos são chamados Contribuições Nacionalmente Determinadas, ou NDCs, na sigla em inglês.  A chave é “nacionalmente determinadas”. Cada país é livre para decidir o que vai fazer, e em que ritmo.

Desde a COP26, no ano passado, já se sabia que as metas nacionais seriam insuficientes e ficou decidido que seria criado um mecanismo para que as NDCs fossem ajustadas anualmente, contendo mais ambição.

Mas somente 24 países o fizeram, e a crise energética desencadeada pela guerra da Ucrânia levou muitos países a retomar a exploração de combustíveis fósseis.

O cálculo realizado pela ONU levou em conta as NDCs mais recentes e apontou que a melhora, se houve alguma, foi “marginal”.

“Não se trata de palavras no papel, mas sim de execução”, disse Stiell. “Precisamos de mais do setor privado e de atores não-nacionais [como governos regionais].”

O painel científico da ONU que estuda a mudança climática indica que as emissões de gases de efeito estufa devem ser cortadas em 45% até o fim desta década (em comparação com 2010) para que haja alguma chance de limitar o aquecimento a 1,5°C.

Uma segunda análise estimou que os planos nacionais de atingir a neutralidade de carbono em 2050 também estão aquém dos objetivos globais se for mantida a trajetória atual.