NotCo capta US$ 235 milhões e vira primeiro unicórnio plant-based da América Latina

Startup que fabrica maionese, leite, sorvete e hambúrguer à base de vegetais foi avaliada em US$ 1,5 bi em rodada liderada pelo Tiger Global

NotCo capta US$ 235 milhões e vira primeiro unicórnio plant-based da América Latina
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A chilena NotCo é o primeiro unicórnio plant-based da América Latina. 

A empresa que fabrica leite, maionese, sorvete e hambúrguer sem proteína animal anunciou um aporte de US$ 235 milhões, elevando seu valuation para US$ 1,5 bilhão, numa rodada série D liderada pelo fundo americano Tiger Global.

A captação ainda contou com a participação da empresa de venture capital DFJ Growth Fund e do fundo de impacto ZOMA Lab, além de personalidades como o tenista Roger Federer e o piloto de Fórmula 1 Lewis Hamilton.

A lista de investidores ilustres é grande. O novo aporte vem menos de dois meses após um investimento de valor não revelado feito pelo Enlightened Hospitality Investments, liderado pelo fundador da rede de fast-food americana Shake Shack. 

Antes disso, a empresa já tinha levantado mais de US$ 125 milhões de investidores como os fundos Kaszek, General Catalyst, Future Positive, além da Bezos Expeditions, do bilionário Jeff Bezos. 

Segundo a companhia, o novo aporte vai acelerar seu crescimento nos Estados Unidos e na América Latina, além de expandir suas categorias de produtos para Europa e Ásia. 

A NotCo chegou aos mercado americano ainda no passado com a venda de produtos em varejistas com a Whole Foods — comprada pela Amazon em 2017, quando a empresa ainda era comandada pelo fundador Jeff Bezos. A startup chilena também tem operações no Brasil, na Argentina e na Colômbia, além do Chile.

Por aqui, a companhia está mais concentrada em São Paulo e tem produtos vendidos em redes como Pão de Açúcar, Carrefour, St. Marche e Mambo, além de marketplaces como Amazon e Mercado Livre. Há o plano de chegar em outras regiões, como Sul e Nordeste.

Big Data vegano

A injeção de capital anunciada ontem acirra ainda mais a disputa num mercado que movimentou US$ 7 bilhões em 2020, de acordo com a Plant Based Foods Association. A previsão é de que este número cresça para R$ 290 bilhões até 2035, segundo estudos.

As principais expoentes desse mercado são as americanas Beyond Meat e Impossible Foods. A primeira já tem capital aberto e está avaliada em quase US$ 8 bilhões. A segunda estuda a realização de um IPO e que poderia aumentar o valuation para algo próximo de US$ 10 bilhões.

Mas, ao contrário das concorrentes, a NotCo vai além da carne — englobando também o mercado de substitutos do leite, que vem ganhando cada vez mais corpo e tem como seu maior expoente, a Oatly, de leite de aveia, avaliada em quase US$ 11 bi na Nasdaq

Fundada em 2015 por Karim Pichara, Pablo Zamora e Matias Muchnick e com sede em Santiago, a NotCo utiliza inteligência artificial e técnicas de big data para tentar copiar a textura, o aroma e principalmente o gosto de alimentos, mas trocando a proteína animal por compostos à base de plantas.

Para isso, a startup trabalha com um time de chefs de cozinha auxiliados por um algoritmo capaz de destrinchar as propriedades químicas, físicas e estruturais de cada alimento para encontrar semelhantes na flora. A cada alimento analisado, a base de informações do algoritmo, que se chama Giuseppe, se torna mais rica. 

Isso permitiu, por exemplo, que a companhia conseguisse substituir as propriedades do leite de vaca por uma mistura feita com proteína de ervilha, fibra de chicória, suco de abacaxi, entre outros ingredientes. 

Já o hambúrguer leva ingredientes como óleos de coco e girassol, fibra de bambu, cacau em pó, suco de beterraba em pó, chia e espinafre. A startup, que ainda fabrica maionese sem ovo e sorvete vegano, estuda aumentar o leque de produtos. 

Um experimento feito anos atrás no Chile conseguiu replicar de forma bastante satisfatória as propriedades de um creme de avelã semelhante ao produto da Ferrero. O protótipo ganhou o apelido de “NotElla”.