Marfrig avança e JBS cai em ranking ESG da indústria da carne

Índice FAIRR mostra quadro misto em critérios ESG para setor pecuário no Brasil

Rebanho de bois na Amazônia
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A Marfrig avançou e foi destaque no ranking da FAIRR, uma iniciativa que reúne investidores com US$ 70 trilhões sob gestão e que avalia práticas de sustentabilidade na indústria de proteínas.  

A companhia ficou em terceiro lugar, subindo quatro posições em relação ao ano anterior, e foi a única empresa brasileira considerada de “baixo risco” pela metodologia do índice. A empresa ficou atrás apenas das norueguesas Mowi e Grieg Seafood, que focam em frutos do mar, na classificação geral.

A Minerva também subiu no ranking, mas num quartil inferior, passando para a 19ª posição. Já a JBS caiu uma posição para o 16º lugar e a BRF se manteve em 12ª. 

O índice Coller FAIRR Protein Producer, divulgado anualmente, reúne apenas grupos de proteínas e de capital aberto, avaliadas segundo dez critérios ESG: emissões de gases de efeito estufa; desmatamento e biodiversidade; uso de água; resíduos e poluição; uso de antibióticos; bem-estar animal; condições de trabalho; segurança alimentar; governança e proteínas sustentáveis.

A metodologia foi endurecida neste ano e, ainda assim, todas as brasileiras – com exceção da JBS – elevaram suas pontuações. 

A Marfrig mostrou as melhores notas em políticas, divulgações e ações para uso de água, governança, condições de trabalho e antibióticos. Entre as brasileiras, a empresa foi a única a apresentar melhora na emissão de gases de efeito estufa e a ter uma meta de redução de emissões validada pelo SBTi, considerado referência para validar que elas estão alinhadas à ciência do clima. 

De forma geral, as quatro gigantes brasileiras traçam um panorama misto dos frigoríficos do país em questões ESG. No que se refere à divulgação sobre o uso e a escassez de água, houve avanço por todas elas, com BRF e Marfrig conquistando a marca de “médio risco”.

Quanto ao mercado de proteínas alternativas, BRF,  Marfrig e JBS foram consideradas com um desempenho relativamente bom, enquanto Minerva ficou atrás.

Preocupação com biodiversidade

Na divulgação do ranking, a FAIRR mostrou preocupação com o desempenho geral da indústria – e alertou para as ameaças impostas por ela à biodiversidade às vésperas do início da COP15, que vai discutir metas de proteção à natureza. 

Os dados da entidade reforçam que o setor de carnes e laticínios tem desempenho “muito ruim” em desmatamento, poluição por nutrientes e conservação de água doce, que servem como métricas de biodiversidade. 

“Os investidores estão focados em riscos financeiros materiais para as empresas, e um acordo global sobre a natureza na COP15 veria a indústria de pecuária intensiva aumentar riscos regulatórios, legais, tributários e reputacionais”, diz Jeremy Coller, presidente da FAIRR, em comunicado. 

Com a palavra, as empresas

A Marfrig celebrou o resultado. “Tal avaliação reflete os avanços conquistados na esfera ESG e a consolidação do Plano Marfrig Verde+, lançado em 2020”, diz o diretor de Sustentabilidade e Comunicação Corporativa, Paulo Pianez, em nota.

A BRF destaca ter aumentado sua pontuação em seis das dez dimensões avaliadas pelo FAIRR e esclarece que manteve o número de pontos para emissões de gases de efeito estufa. “Apesar do aumento de emissões em 2021, fortemente impactado pelo fator de emissões da eletricidade no Brasil, a empresa reduziu 3% de suas emissões do escopo 1 e 2 em relação ao ano base (2019) com o maior uso de fontes renováveis de energia com rastreabilidade comprovada”, argumenta. 

A JBS ressalta ter sido a primeira empresa de proteína a anunciar o objetivo global de se tornar Net Zero e que tem trabalhado para alcançar a meta até 2040. A empresa também afirma fazer monitoramento de seus 80 mil fornecedores diretos de bovinos e que tem avançado no mesmo controle para os indiretos. 

Já a Minerva destaca seu objetivo de ser net zero até 2035 e a meta de, até 2030, desenvolver e implementar um programa de monitoramento para fazendas de fornecedoras indiretas em todos os países de operação na América do Sul.