Makro toma R$ 115 milhões com Santander com meta de reduzir desperdício

Makro toma R$ 115 milhões com Santander com meta de reduzir desperdício
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Apesar da prevalência de metas ambientais, tem crescido nos bancos a concessão de crédito com taxas vinculadas a outras temáticas da pauta ESG. 

O Santander fechou um empréstimo de R$ 115 milhões com o Makro Atacadista em que a rede de supermercados se comprometeu a reduzir o desperdício de alimentos. Foi a maior operação ESG do banco no setor. 

Os recursos podem ser utilizados para qualquer fim, mas as taxas de juros caem se a rede de supermercados cumprir a meta de doar alimentos que estão em bom estado para consumo mas não cumprem mais as exigências para estar na gôndola — como estarem próximos da data de validade, por exemplo. 

A meta é aumentar, em um ano, de 105 para 150 toneladas a quantidade de alimentos que é enviada para o programa Mesa Brasil, do Sesc, uma rede nacional que beneficia instituições como escolas, asilos, creches, ONGs e abrigos. 

“Pode parecer simples à primeira vista, mas é um tema que tem toda uma complexidade operacional, seja na forma como se faz a triagem, o armazenamento ou a logística desses alimentos”, afirma a líder de sustentabilidade do Santander, Carolina Learth. 

“Exige toda uma adaptação na operação da companhia, que gera um custo adicional. É muito mais simples apenas jogar esses alimentos no lixo.”

O empréstimo bilateral, com vencimento em um ano, inclui ainda uma outra meta, de destinação dos resíduos. 

O Makro também tem desconto na taxa — que o banco mantém em sigilo — se diminuir a quantidade de lixo que vai para aterros sanitários, enviando-o para outros destinos sustentáveis, como reciclagem e compostagem. 

Ao fim de 2021, esse chamado “desvio de aterros” estava em 59% e a meta estipulada no empréstimo com o Santander é de levar o indicador a 69% até março de 2023, quando vence o empréstimo. O próprio Makro tem uma meta de atingir o percentual de 90% até 2030. 

“O tema de gestão de resíduos neste setor é de grande relevância, uma vez que essas empresas trabalham com alta variedade de produtos e, consequentemente, geram um grande volume de resíduos a ser descartado”, aponta Alex Sciacio, head de finanças verdes do Santander. 

Modalidade em ascensão

Nos últimos anos, os chamados sustainability-linked bonds (SLB) vêm crescendo como forma de financiamentos ESG

Diferentemente dos green e social bonds, eles não exigem que os recursos sejam direcionados para projetos verdes, como de energia renovável, ou sociais. 

Mas dão rendimento maior para os investidores caso as metas não sejam cumpridas (o chamado step-up de taxa) — modalidade normalmente escolhida quando os títulos são emitidos de forma pública e vendidos ao mercado. 

Outra possibilidade é o desconto na taxa para emissores caso eles cumpram o combinado (o chamado step-down), como foi adotado na operação do Makro, e costuma ser praxe nos empréstimos bilaterais, entre bancos e companhias.

O Santander afirma que vem buscando colocar o tema ESG na sua concessão de crédito, mas não abre os números relativos a empréstimos bilaterais ligados a metas de sustentabilidade. 

Em 2021, o banco diz ter acumulado R$ 51,6 bilhões em todas as modalidades de crédito sustentáveis que opera, um aumento de 93% em relação ao ano anterior. Isso inclui tanto a concessão direta de financiamentos quanto a estruturação e distribuição de títulos de dívida.

Desse total, R$ 30 bilhões foram em títulos de dívida sustentável — que são vendidos no mercado — emitidos com a participação do Santander.