GM investe US$ 650 mi em mina de lítio

Em troca do financiamento, montadora vai garantir suprimento de um metal crítico para seu plano de transição para carros elétricos

O sistema de baterias Ultium, da GM, que será usado nos carros elétricos da montadora
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A GM anunciou um investimento de US$ 650 milhões em uma empresa que explora lítio, metal essencial para baterias, em minas nos Estados Unidos.

É o maior investimento da montadora para garantir o suprimento de uma matéria-prima crítica para seu plano de transformação elétrica.

A Lithium Americas, empresa que vai receber o dinheiro, explora a maior reserva de lítio identificada em território americano, a mina de Thacker Pass, no estado de Nevada.

Em troca do financiamento, a GM terá acesso exclusivo à produção da primeira fase de operação da mina, no segundo semestre de 2026, e o direito de fazer a primeira oferta pela compra de minérios na etapa seguinte.

 

É o segundo acordo do tipo feito pela montadora. Há um ano e meio, a GM anunciou um acordo para adquirir o lítio que a Controlled Thermal Resources quer extrair de termas da Califórnia.

Mary Barra, CEO da montadora, escreveu em carta aos investidores

publicada nesta terça-feira que 2023 será o “ano da virada” para a eletrificação da GM.

Além do atual Bolt, um dos elétricos mais baratos à venda no mercado americano, a montadora vai lançar versões a bateria de modelos populares como a SUV Equinox e a picape Silverado.

Barra afirmou que a GM vai produzir 400 mil veículos elétricos daqui até meados do ano que vem. A chave desse crescimento, segundo ela, é a plataforma de baterias da companhia, chamada Ultium (foto) e fabricada nos Estados Unidos.

As baterias representam o custo mais alto e são o componente mais importante de um carro elétrico. Hoje, a China responde por três quartos da manufatura de baterias.

Além de criar uma potencial vulnerabilidade para a indústria automobilística ocidental, a dependência dos chineses pode ameaçar os objetivos de descarbonização do governo americano.

Made in USA

Um dos pontos centrais do pacote climático aprovado pelo governo Joe Biden no ano passado é justamente estimular a eletrificação dos transportes terrestres nos Estados Unidos. A meta é que em 2030 metade dos veículos de passeio novos vendidos sejam elétricos.

As medidas de incentivo incluem subsídios de até US$ 7.500 para consumidores que comprarem carros novos sem motor a combustão – mas restritos a modelos que contenham determinados componentes made in USA.

A lista inclui as baterias. Em meados de 2021, o governo americano já havia lançado um plano nacional para retomar a exploração das reservas de lítio do país, que estão entre as cinco maiores do mundo.

Os Estados Unidos foram o maior produtor do mineral na segunda metade do século passado, mas a indústria foi virtualmente abandonada diante da competição dos chilenos, que detêm reservas com índices de pureza mais altos e custos de extração mais baixos.

Com a onda global da eletrificação, as reservas de lítio americanas voltaram a despertar interesse – tanto do ponto de vista comercial como de segurança nacional.

Valor agregado

Hoje, o país tem somente uma mina de lítio em atividade – mas várias iniciativas estão em andamento para suprir a demanda doméstica de um dos maiores mercados de carros do mundo.

A mineradora australiana Piedmont fechou um contrato de fornecimento com a Tesla para fornecer parte de sua produção de um campo na Carolina do Norte (a empresa espera aprovação ambiental).

Na mina de Thacker Pass, que recebeu o investimento da GM, a canadense Lithium Americas vai não só extrair o minério do material rochoso das montanhas de Nevada como também refiná-lo no local.

O projeto, que envolve uma mina aberta, é alvo de oposição de grupos ambientais e de populações indígenas do estado. A primeira parte dos recursos da GM só será transferida depois de superados entraves judiciais.

A Lithium Americas afirmou no início de janeiro estar confiante na aprovação do licenciamento ambiental do projeto.

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