Estratégia ESG lidera (com folga) negócios com ETFs da BlackRock na B3

O iShares ESG Aware MSCI USA concentra 40% do volume negociado por todos os 39 BDRs de ETF da gestora americana

Estratégia ESG lidera (com folga) negócios com ETFs da BlackRock na B3
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Dois meses depois que a BlackRock e a B3 lançaram quase 40 BDRs de ETFs para negociação no Brasil, uma surpresa: o ativo mais negociado é um fundo ESG.

O iShares ESG Aware MSCI USA ETF, ou BEGU39, concentra 40% de todo o volume negociado por todos os 39 BDRs de ETF da gestora americana. Ou R$ 230 milhões de um total de R$ 580 milhões até sexta-feira.

Os ETFs, ou exchange traded funds, são cotas de fundos de investimento negociadas em bolsa e a iShares, da BlackRock, é a maior provedora de ETFs do mundo.

Uma parte da sua gama de produtos começou a ser ofertada na B3 em 30 de novembro passado graças a uma nova regra da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que autorizou o lançamento de BDRs lastreados em ETFs. 

Os BDRs são certificados emitidos por uma instituição brasileira (no caso o banco B3, ligado à bolsa) que são lastreados em ativos negociados em bolsas internacionais, como ações — e, agora, ETFs.

O que tem dentro

O iShares ESG Aware MSCI USA ETF replica um índice da MSCI composto por ações de grandes e médias empresas americanas ranqueadas por boas práticas ambientais, sociais e de governança.

O propósito do índice é ser uma versão mais sustentável do índice MSCI USA, mas sem fugir do perfil de risco e retorno do índice tradicional.

Por isso, assim como no índice-mãe, quem abre a carteira tem a impressão de estar olhando, logo de cara, para um fundo de ações de Big Techs. Os maiores pesos são:  Apple (6,71%), Microsoft (5,24%), Amazon (4,06%), Alphabet (2,16% na classe A) e Facebook (1,81% na classe A). 

O sexto ativo com maior presença são ações da Tesla, a fabricante de carros elétricos de Elon Musk, com 1,80%. 

Num total de quase 350 ativos, há também papéis do setor financeiro (J.P. Morgan, Paypal e Visa), entretenimento (Walt Disney e Netflix) e até de duas petroleiras, Chevron e ExxonMobil. (O índice exclui apenas empresas de tabaco, armas, e com exposição a carvão.)

No radar das gestoras

No lançamento dos BDRs em novembro, ninguém esperava que um único ETF com características ESG fosse se destacar dos demais. O segundo mais negociado no período é o BDR do iShares MSCI ACWI ETF, com papéis de mercados desenvolvidos e emergentes, com apenas R$ 53 milhões.

O volume ainda é pequeno comparado a movimentação de bolsa, mas sugere que o BEGU39 deixou de ser um trade experimental e entrou na estratégia de alocação de alguns investidores. O ETF tem sido negociado por gestores de fundos e também por investidores de alta renda.

Boa parte do volume se deve ao fato de fundos relativamente grandes terem incluído o papel na carteira. O destaque é o BB ESG BRD Nível 1, da BB DTVM. O fundo ganhou roupagem ESG apenas em dezembro e figura entre os de maior captação em 2020 entre os fundos classificados como sustentáveis pela Morningstar.

A Bradesco Asset também colocou o BDR numa carteira de renda variável global, o Bradesco FIC FIA ESG Global BDR Nível I.

A mesma regra que liberou os BDRs de ETFs permitiu também que os ativos sejam transacionados por qualquer tipo de investidor. Mas, até agora, por conta de ajustes finais, apenas os investidores com mais de R$ 1 milhão aplicados estão com acesso ao ativo. Os de varejo terão acesso a eles em breve.

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