Essa startup suíça retira CO2 do ar. E acaba de captar US$ 76 milhões

A Climeworks captura o dióxido de carbono da atmosfera para estocá-lo em estado sólido no subsolo ou vendê-lo a empresas como matéria-prima

Essa startup suíça retira CO2 do ar. E acaba de captar US$ 76 milhões
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Uma startup suíça que criou uma máquina capaz de capturar gás carbônico da atmosfera acaba de fechar uma rodada de captação de US$ 76 milhões. A tecnologia da Climeworks permite que o CO2 retirado do ar seja estocado em estado sólido no subsolo ou entregue a clientes que usam o gás como matéria-prima, como fabricantes de bebidas.

A Coca-Cola já é uma das clientes — e está usando o gás capturado pela companhia para produzir água com gás da marca suíça Valser.

Alguns especialistas dizem que dificilmente será possível limitar o aquecimento global sem o uso de tecnologias que retirem o CO2 diretamente do ar e, por essa razão, a ideia tem atraído a o interesse de investidores. Mas muitos ainda enxergam a solução com ceticismo, por considerar improvável sua viabilidade econômica.

Além da Climeworks, ao menos duas outras startups estão tentando escalar essa tecnologia no mundo, a canadense Carbon Engineering e a americana Global Thermostat.

A máquina da empresa suíça, que lembra uma sequência de turbinas de avião, funciona em duas etapas: primeiro o ar é sugado para dentro dos coletores por grandes ventiladores e o CO2 fica retido na superfície de um filtro. Depois que o filtro está saturado de dióxido de carbono, o coletor é fechado e a temperatura é elevada para 80 a 100 graus Celsius, liberando um CO2 altamente concentrado.

A tecnologia é movida exclusivamente por energia renovável e a cada 100 toneladas de carbono removidas do ambiente, 10 toneladas são emitidas no processo.

O grande desafio da empresa é dar sentido econômico ao negócio.

A construção e instalação de 18 unidades de coletores nos arredores de Zurich no ano passado custou entre US$ 3 milhões e US$ 4 milhões, fazendo com que o custo para se retirar uma tonelada cúbica de CO2 custe à empresa entre US$ 500 e US$ 600. Esse custo precisa cair para o negócio ter chance de avançar. Além disso, o mercado para a empresa ainda não está bem delineado.

Uma opção comercial sendo explorada pela Climeworks e pela canadense Carbon Engineering é usar o CO2 na fabricação de combustíveis sintéticos que substituam os fósseis.

Os fundadores da Climeworks contaram ao New York Times que apostam que no futuro poderão vender a captura como um serviço para empresas interessadas em neutralizar sua pegada.

Em entrevista à Bloomberg, Christoph Gebald, um dos dois fundadores da empresa, disse que os recursos captados serão usados para construir uma nova planta com capacidade para capturar 100 mil toneladas. “Nós planejamos tornar nossa tecnologia acessível a mais clientes, incluindo indivíduos.”

O dinheiro captado veio de investidores privados e family offices da Suíça e de países vizinhos.

Gebald e seu sócio, Jan Wurzbacher, se conheceram quando cursavam engenharia no Instituto Federal de Tecnologia de Zurique (ETH Zurich). Os dois tinham como hobby o alpinismo e, com a prática do esporte, tiveram contato desde muito cedo com os efeitos das mudanças climáticas ao notar o degelo acelerado nos Alpes. A tecnologia que deu origem à Climeworks, em 2009, foi desenvolvida nos laboratórios da universidade, durante o doutorado de ambos.