Em plano estratégico, Petrobras diz que estuda hidrogênio e eólicas offshore

Transição mais ampla além do petróleo, que vem sendo defendida por aliados do novo governo, não aparece nos planos da estatal

Plataforma de petróleo da Petrobras
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A Petrobras anunciou na noite desta quarta-feira seu plano estratégico para o período entre 2023 e 2027. Não houve mudanças em relação às prioridades da companhia: a estatal seguirá priorizando a exploração das reservas do pré-sal e a geração de dividendos para seus acionistas.

O comunicado afirma que o plano estratégico 2023-2027 traz como novidade novos negócios que foram considerados “os mais adequados” para uma diversificação rentável da companhia.

Eles incluem turbinas eólicas offshore, hidrogênio e captura de carbono. Mas não há mais detalhes sobre as intenções da Petrobras a respeito dessas três tecnologias.

O plano estratégico será detalhado em teleconferência na manhã desta quinta-feira.

Na distribuição de recursos, essas tecnologias ainda não aparecem. 

Estão previstos ao todo investimentos de US$ 78 bilhões para os próximos cinco anos, um aumento de 15% em relação ao período passado e um retorno aos patamares pré-Covid, segundo comunicado da empresa.

Desse total, 83% serão destinados às atividades de exploração e produção. Em seguida vêm refino, gás e energia (12%), comercialização e logística (2%) e investimentos corporativos (3%).

Além disso, outros US$ 20 bilhões serão investidos para o afretamento de novas plataformas.

Ainda não se sabe oficialmente quais são os planos do novo governo, que assume em 1º de janeiro. Mas há cada vez mais sinais de que a empresa pode começar a transição para uma empresa de energia, não só mais de petróleo. 

A deputada eleita e ministeriável Marina Silva defendeu a ideia na COP27. A opinião também foi ecoada pelo coordenador do grupo de trabalho de energia da equipe de transição de Luiz Inácio Lula da Silva, Maurício Tolmasquim, em entrevista ao Valor. 

Petroleiras privadas europeias vêm anunciando investimentos importantes em geração de eletricidade com usinas eólicas e solares e também em tecnologias menos maduras, como a produção de hidrogênio verde.

“Baixo carbono”

Mais uma vez, não há indicações de que a Petrobras esteja olhando de forma mais ambiciosa para fontes de energia além dos combustíveis fósseis. Os US$ 4,4 bilhões previstos para iniciativas de baixo carbono serão destinados em sua maioria à redução da intensidade das emissões das atividades principais da companhia.

Os objetivos anunciados são a neutralidade de carbono em suas atividades (escopo 1) e na energia adquirida (escopo 2) até 2050. Até o fim da década, a meta é reduzir essas emissões de CO2 em 30%.

Outros compromissos incluem o fim da queima de metano (prática da indústria conhecida como flaring) e a reinjeção de 80 milhões de toneladas de CO2 equivalente usando sistemas de sequestro de carbono.

O Programa Petrobras Carbono Neutro e o Fundo de Descarbonização, que têm o objetivo de financiar soluções para reduzir as emissões da companhia, também foram reforçados, diz o comunicado.

O fundo passou de US$ 248 milhões no período passado para US$ 600 milhões.