Com operação digital, startup conecta usinas solares a consumidores

Nextron atua como marketplace de energia limpa e mais barata para consumidores residenciais, em modelo por assinatura

Com operação digital, startup conecta usinas solares a consumidores
A A
A A

Sem comprar uma única placa fotovoltaica ou gerar um único megawatt, a startup Nextron quer ampliar o consumo de energia de fontes renováveis por residências e pequenas e médias empresas no país, sem que essas tampouco tenham que fazer investimentos em geração.

A promessa é que seja uma fórmula ganha-ganha: o consumidor tem de 15 a 20% de desconto na conta de energia, enquanto a geradora aumenta sua rentabilidade anual em até 10%.

O negócio da startup se baseia no mercado de geração distribuída compartilhada. Neste modelo, vários consumidores podem usufruir da energia gerada em uma pequena usina de fonte renovável, numa espécie de cooperativa ou condomínio. Para isso, a energia é jogada na rede de distribuição e dá origem a créditos, que são abatidos das contas de luz dos consumidores.

O que a Nextron faz é conectar a ponta geradora com os vários consumidores quando estes não estão organizados. Ela compra os créditos originados por fazendas solares e os vende a consumidores residenciais ou comerciais.

“Eu compro no atacado e vendo no varejo”, simplifica o CEO e fundador da startup, Ivo Pitanguy, que é neto do precursor da cirurgia plástica no Brasil.

Outras empresas também operam vendendo energia de geração solar distribuída para residências ou pequenos comércios, mas com modelos diferentes. A Órigo e a Sun Mobi, por exemplo,  são donas das fazendas solares e comercializam essa energia no varejo. Já a Lemon Energia, tem modelo semelhante ao da Nextron, mas atende exclusivamente empresas, como bares da rede de distribuição da Ambev. 

A operação da Nextron é mais recente que essas outras. Começou há menos de um ano, com aporte de US$ 2,3 milhões (cerca de R$ 11,5 milhões) liderado pelo Valor Capital Group e com participação da Barn Investimentos

O ‘hack’ do sistema

Com experiência no setor como ex-diretor de novos negócios da Mori Energia, Pitanguy se uniu a Roberto Hashioka, CTO e fundador da Nextron, para desenvolver um negócio com quase nenhum ativo e muita tecnologia.

Pintaguy diz que, por trás da opção por um modelo asset light, está o desejo de se tornar grande. “É possível operar em todo o Brasil, de forma que nenhum gerador seja maior que a Nextron”, diz. “Não existe restaurante maior que o iFood”, compara. 

Sem pagar taxa de adesão, pessoas ou empresas com conta de luz acima de R$ 300 podem se tornar assinantes da Nextron.

O consumidor faz a portabilidade de sua conta para a startup e passa a receber o boleto emitido por ela, em vez do tradicional. A conta ainda vem acompanhada de um relatório com os descontos e com o cálculo da emissão de carbono evitada pela troca da fonte.

Na outra ponta, para que isso seja possível, a empresa firma contratos com usinas solares e fica responsável pela gestão dos créditos de energia gerados. Para as usinas, a vantagem é a certeza de que seus créditos serão comprados pela melhor tarifa possível, uma vez que consumidores individuais pagam um valor mais alto pela energia do que grandes companhias, explica Pitanguy.

O negócio ainda está ganhando tração e, hoje, a Nextron conta com apenas mil assinantes – igualmente distribuídos entre CPFs e CNPJs – e 50 MW de capacidade instalada, com presença em sete Estados, entre eles, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Bahia.

A meta é chegar a 50 mil assinantes e 200 MW até o fim deste ano. Parte da estratégia está em ampliar a atuação para 14 Estados nesse período, incluindo São Paulo, que deve receber o serviço em outubro. 

E também diversificar as fontes de energia parceiras. Está nos planos ativar uma usina de biomassa em Roraima e também explorar pequenas hidrelétricas e termelétricas a biogás.