CBMM entra em baterias com nova planta de óxido de nióbio

Nova planta em Araxá (MG) vai abastecer a Echion, startup com tecnologia para utilizar o minério na fabricação de células de armazenamento de energia

pedras de nióbio de mina brasileira em minas gerais cbmm
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Decidida a pegar carona na onda mundial de eletrificação e começar a colocar o nióbio em baterias, a CBMM, mineradora dos Moreira Salles, acaba de anunciar a construção de uma nova planta de óxido de nióbio em Araxá, Minas Gerais.

O empreendimento será feito em parceria com a startup de inovação em baterias britânica Echion Technologies, da qual a CBMM já havia adquirido 13% em 2020. 

Com planos de dobrar de tamanho em dez anos, a CBMM, que é líder mundial na produção de nióbio, quer vender seu produto, hoje consumido prioritariamente por siderúrgicas, também para as fabricantes de células de baterias.

Para isso, precisa de tecnologias que permitam que o minério substitua outros componentes comumente usados. E é exatamente o que a Echion entrega. 

A startup desenvolveu uma tecnologia exclusiva, batizada de XNO®, que permite que o óxido de nióbio seja usado no polo negativo (ânodo) das células das baterias.

A nova fábrica será construída na planta que a CBMM já tem em Araxá (MG) e deve ser inaugurada no início de 2024. Ela será capaz de fornecer 2.000 toneladas do material por ano, o equivalente a 1GWh de produção de células de bateria. 

Com o negócio, a Echion deve ser a primeira empresa a garantir o fornecimento comercial de células de baterias com ânodo à base de nióbio. A startup estima que os compostos de nióbio responderão por 10% do mercado total de baterias, o que deve representar bilhões de dólares de receita.

Como funciona a bateria 

Comumente, o ânodo das baterias é feito de grafite, e esse material é responsável por dois problemas essenciais relacionados ao armazenamento de energia. O primeiro é a velocidade de carregamento (e também do descarregamento).

Ao trocar o grafite por um composto de óxido de nióbio, uma bateria que levaria uma hora para carregar pode ser completamente carregada em seis minutos.

Além disso, o  grafite expande e contrai a cada ciclo de carga e descarga, o que provoca a conhecida perda de performance das baterias com o tempo, além de ser a causa de explosões.

Normalmente, quando se busca desenvolver baterias com carregamento rápido, é preciso abrir mão de capacidade. No caso das baterias com ânodo de nióbio, a previsão é que tenham entre 20% a 25% menos densidade energética que as tradicionais de mesmo peso e tamanho.

Algo que pode ser um problema para carros que precisam de mais autonomia, mas que pode funcionar bem para ônibus urbanos, por exemplo, ou veículos como empilhadeiras. 

A CBMM pretende que 25% de sua receita venha de produtos não-siderúrgicos até 2030, e o investimento total na expansão de toda a linha de produção de nióbio, incluindo a nova planta, será de US$ 80 milhões.