BNDES emite R$ 1 bi em green bonds no mercado doméstico para energia renovável

Emissão vem num momento em que banco está se tornando mais vocal sobre seu papel de catalisador de projetos sustentáveis; demanda foi de R$ 7 bi

BNDES emite R$ 1 bi em green bonds no mercado doméstico para energia renovável
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O BNDES emitiu R$ 1 bilhão em letras financeiras verdes nesta quinta-feira, inaugurando esse tipo de emissão rotulada no mercado doméstico. 

Os recursos serão voltados para o financiamento de projetos de geração eólica e solar e a demanda foi forte, de sete vezes a oferta.  Os títulos, com vencimento em dois anos, têm remuneração de CDI mais 0,45% ao ano e foram vendidos em oferta privada, para instituições financeiras e investidores institucionais próximos ao banco.

A emissão acontece simultaneamente a uma série de seminários realizados pelo banco, na sua ‘semana verde’, e num momento em que a instituição está se tornando mais vocal sobre seu papel catalisador de projetos sustentáveis — tanto do ponto de vista social quanto ambiental — no país.

“A carteira de financiamentos do BNDES já é majoritariamente verde e, agora, torna-se ainda mais sustentável com esse novo instrumento, positivo para as empresas que atendem aos princípios ASG e para toda a sociedade”, disse Bianca Nasser, diretora de finanças do banco, em nota. 

O BNDES estreou com ‘green bonds’ em 2017, com uma captação de US$ 1 bilhão de prazo de sete anos feita no mercado externo e voltada também para o financiamento de energias renováveis. 

Ambas as emissões contaram com parecer de segunda opinião da Sustainalytics, atestando o impacto positivo no uso dos recursos. 

Em entrevista ao Valor nesta semana, Nasser afirmou que 54% da carteira do banco tem ligação com a economia verde ou o desenvolvimento social. Desse total, 41% se relacionam com projetos verdes nos setores de energia e agronegócio e 13% com o desenvolvimento social, incluindo saneamento e outras atividades.  Esses percentuais não incluem as operações indiretas, via agentes financeiros, que perfazem boa parte da carteira.

Num ano em que as emissões verdes e sociais dispararam no Brasil, batendo recorde com quase R$ 20 bilhões antes mesmo do fim do ano, o setor financeiro começou a lançar mão dos títulos rotulados, uma seara em que ainda têm participação tímida.

No começo do ano, o BV fez uma emissão verde de US$ 50 milhões, alocada a um único comprador europeu em oferta privada. No mês passado, o banco ABC Brasil emitiu o primeiro social bond brasileiro, de R$ 525 milhões, integralmente encarteirado pelo BID Invest.