BID ao Cubo seleciona startups de bioeconomia do Norte e Nordeste 

Programa de aceleração do BID e do Cubo Itaú abre inscrições para startups com soluções para preservação da Amazônia e da Caatinga

Imagem mostra mandacarus e vegetação típica da caatinga
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O Cubo Itaú e o BID Lab, laboratório de inovação do Banco Interamericano de Desenvolvimento, abrem hoje as inscrições para a sétima edição do programa de aceleração de startups BID ao Cubo — a primeira voltada para o tema de bioeconomia. 

Serão selecionadas 15 startups de base tecnológica e em estágio inicial cujo cerne do negócio envolva descarbonização, sistemas agroflorestais ou preservação dos biomas da Amazônia e da Caatinga.

Para participar do processo, as startups devem estar sediadas nas regiões Norte ou Nordeste e ter, no mínimo, um fundador natural destas regiões. Critérios de diversidade pesarão no processo seletivo, como lideranças e equipes não-brancas, com pessoas com deficiência e LGBT.

O processo seletivo é gratuito, se encerra no dia 25 de setembro e o resultado será divulgado em outubro.

Morgan Doyle, representante do BID no Brasil, diz que o objetivo do programa é demonstrar que a preservação ambiental e o desenvolvimento social e econômico no Norte e no Nordeste podem ser concretos, indissociáveis e muito rentáveis.

“Um estudo recente do BID e da The Nature Conservancy projetou que a bioeconomia tem potencial de gerar mais de R$ 170 bilhões em renda em 2040 apenas no Pará”, afirma.

Segundo o Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), a Caatinga, bioma que cobre 10% do território do país, pode gerar até R$ 10 bilhões anuais apenas com energia solar.

“É um bioma pouco explorado quando pensamos em negócios de base tecnológica. Acreditamos que com a devida atenção, podemos mudar a realidade do semiárido”, afirma Renata Zanuto, head de startups do Cubo Itaú.

Além da Faria Lima

Mais de 50 startups já passaram pelo BID ao Cubo em seis edições, três delas exclusivas para negócios no Norte e no Nordeste, duas voltadas para negócios da América Latina e do Caribe, e uma que tematizou diversidade, com apoio a startups lideradas por mulheres, pessoas não-brancas e LGBT.

“Os negócios envolvendo a Amazônia estão cada vez mais em evidência e achamos necessário conhecer o que as pessoas mais próximas deste bioma têm a oferecer”, afirma Morgan Doyle, do BID.

Além disso, Renata Zanuto, do Itaú, diz que mudar o foco para o Norte e o Nordeste é uma forma de furar a bolha da Faria Lima.

Segundo um levantamento de 2020 produzido pela empresa Distrito, em parceria com ABStartups e KPMG, um terço das startups do Brasil estão no Estado de São Paulo (70% na capital) e elas receberam 83% do venture capital daquele ano.

“Queremos dar visibilidade a um ecossistema de negócios vibrante e que não recebe tanta atenção dos investidores”, afirma Zanuto.

Fomentando conexões

Entre outubro e novembro, os representantes das empresas escolhidas participarão de workshops online nas áreas de relações com investidores e vendas. Um encontro presencial em Manaus está marcado para o fim do programa, com despesas pagas pelo BID ao Cubo.

Embora seja um programa “equity free” — em que não há aporte de capital nas selecionadas —, Zanuto afirma que a aceleração oferece, além de conhecimento, a expansão do networking com investidores.

Já passaram pelo BID ao Cubo, as startups Kinvo, sistema open finance de investimentos, adquirida pelo BTG Pactual; Prol Educa, plataforma de bolsas, investida do Google For Startups; e Akintec, banco para a periferia, que recebeu aportes do Nubank e Google.

Alekssandre Mesquita é CEO da Amar.elo, empresa de Fortaleza (CE) que participou das edições Norte-Nordeste e Diversidade do BID ao Cubo. Sua startup oferece um programa de segurança emocional, que ajuda o RH das empresas a reduzir demissões e licenças.

Quando Mesquita chegou ao BID ao Cubo, no ano passado, a Amar.elo estava saindo da ideação e indo para a operação, com apenas três clientes. 

“As mentorias em vendas foram muito importantes para chegarmos aos nossos 30 clientes atuais. Também tivemos a oportunidade de apresentar nossa startup ao mercado, o que é essencial para nossa estratégia de criar conexões para futuros investimentos”, afirma Mesquita.