A Marfrig avança em proteína à base de planta nos Estados Unidos

Aquisições de US$ 140 milhões foram feitas pela PlantPlus, joint-venture do frigorífico com a americana ADM

A Marfrig avança em proteína à base de planta nos Estados Unidos
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Atentos ao risco de serem deslocados do mercado de proteínas animais, os frigoríficos brasileiros, líderes globais do setor, têm aumentado suas apostas nos substitutos à base de plantas.

A Marfrig acaba de comprar duas companhias para reforçar sua posição na América do Norte no pujante mercado de proteínas à base de plantas. A canadense Sol Cuisine e a americana DEW Drink Eat Well foram adquiridas pela PlantPlus, joint-venture do frigorífico brasileiro com a processadora de alimentos ADM.

O valor do negócio será de cerca de US$ 140 milhões, dos quais US$ 100 milhões serão desembolsados pela Marfrig, e o restante, pela ADM.

O segmento de substitutos veganos da carne, também chamados de alimentos ‘plant based’, é um dos que mais crescem no mundo.

De acordo com um levantamento da Bloomberg Intelligence, hambúrgueres, salsichas e outros produtos que imitam carnes movimentaram quase US$ 30 bilhões no ano passado.

Esse total pode ser multiplicado por cinco até o fim da década, o que seria equivalente a 7,7% do mercado global de proteínas animais. Atentas a isso, JBS e BRF também têm se movimentado.

A Sol Cuisine é uma empresa negociada na bolsa de Toronto que vende asinhas de frango feitas com couve-flor, almôndegas à base de feijão e hambúrgueres que imitam a aparência e a textura da carne moída, mas são produzidos com proteína de soja.

A DEW é dona da marca Hillary’s, que tem uma linha de hambúrgueres de “carne” e “linguiça” feitos com ingredientes veganos mais tradicionais. “Acreditamos em comida que sai da cozinha, não do laboratório”, diz o site da companhia.

Inovação

Hambúrgueres veganos que simplesmente trocam a carne por lentilha ou grão-de-bico sempre existiram. Mas o entusiasmo maior dos consumidores é com produtos que imitam de forma convincente o sabor, a textura e o visual da carne.

Empresas pioneiras nesse segmento são, em primeiro lugar, companhias de base tecnológica. Um dos expoentes do mercado, a Beyond Meat tem um centro de desenvolvimento de 2.500 metros quadrados, que mistura chefs e cientistas.

O hambúrguer da empresa “sangra” suco de beterraba e contém vários ingredientes impronunciáveis. A base é proteína de ervilhas.

Esse ilusionismo parece bom o bastante para o McDonald’s. A maior rede de fast food do mundo anunciou em fevereiro um contrato de fornecimento de seus hambúrgueres, que serão a base do McPlant.

A Beyond Meat também vai desenvolver produtos para outras redes globais, como Taco Bell, Pizza Hut e KFC (marcas do grupo Yum! Brands).

Apesar da empolgação da indústria e dos consumidores, a companhia anda sofrendo na bolsa.

O IPO da Beyond Meat foi uma das maiores surpresas de 2019 e a empresa chegou a valer US$ 13,4 bilhões há dois anos. Mas agora a gravidade voltou a agir. Na última divulgação de resultados trimestrais, as vendas ficaram aquém da expectativa dos analistas, e o papel da companhia caiu 19%. A Beyond Meat faturou US$ 400 milhões no ano passado, mas ainda dá prejuízo.

A companhia afirma que houve problemas de distribuição pontuais. Mas a grande questão da indústria de substitutos de proteína animal é o preço.

Além dos custos de desenvolvimento da escala ainda pequena, muitos dos ingredientes básicos vêm do exterior.

“Estamos falando de uma cadeia global de proteínas vegetais. Vai demorar para que ela tenha escala, talvez 15 ou 20 anos”, afirmou à CNBC Rinka Banerjee, fundadora da consultoria especializada em alimentos Thinking Forks.