3M anuncia saída do negócio de ‘químicos eternos’

Usados em uma série de produtos presentes no dia a dia das pessoas, de panelas antiaderentes a embalagens de alimentos, compostos 'PFAS' são associados a maior risco de doenças

Fachada da sede da empresa química 3M
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Diante da pressão de reguladores e processos bilionários, a 3M anunciou que vai abandonar em 2025 a fabricação dos PFAS, conhecidos como “químicos eternos”.

Esses compostos são usados incontáveis produtos que fazem parte do dia-a-dia de bilhões de pessoas ao redor do mundo, como embalagens de comida, panelas antiaderentes, tecidos com revestimentos impermeáveis e até mesmo fios dentais e batons.

PFAS é a sigla usada para definir os quase 5.000 compostos perfluoroalquil e polifluoroalquil. 

Diversos estudos apontam relação entre níveis elevados de PFAS no organismo com doenças como câncer, diabetes, hipertensão e outras.

 A durabilidade desses compostos é ao mesmo tempo a explicação para sua onipresença e o motivo pelos quais eles são considerados hoje um problema ambiental e de saúde pública.

Os PFAS usados em produtos de consumo resistem a altas temperaturas, não reagem com água e não são biodegradáveis – daí o nome “químicos eternos”.

Mas isso significa que eles permanecem no ambiente por décadas – e também no corpo humano. Esses químicos podem estar presentes na água ou em alimentos cultivados em solo onde os compostos se acumularam ao longo do tempo.

A 3M, uma das maiores empresas químicas do mundo, usa vários PFAS em seus produtos há mais de 70 anos. O CEO da companhia, Mike Roman, afirmou à Bloomberg que a decisão foi tomada por causa da “aceleração de tendências regulatórias”.

A empresa é alvo de diversas ações coletivas na Justiça americana, que podem resultar em indenizações de dezenas de bilhões de dólares.

As redes de fast-food McDonald’s e Burger King também são processadas por embalagens revestidas com PFAS (para evitar que elas absorvam gordura).

Embora não haja risco associado ao consumo de um hambúrguer embalado em papel revestido com esses químicos, eles representam risco de contaminação no descarte em aterros ou lixões.

No comunicado em que anunciou a saída do negócio, a 3M afirmou que os produtos à base de PFAS geram receitas anuais de US$ 1,3 bilhão anuais. Ao todo, a companhia faturou US$ 35 bilhões no ano passado.